"O que é que se encontra no início? O jardim ou o jardineiro? É o jardineiro. Havendo um jardineiro, mais cedo ou mais tarde um jardim aparecerá. Mas, havendo um jardim sem jardineiro, mais cedo ou mais tarde ele desaparecerá. O que é um jardineiro? Uma pessoa cujo pensamento está cheio de jardins. O que faz um jardim são os pensamentos do jardineiro. O que faz um povo são os pensamentos daqueles que o compõem." (Rubem Alves)

sexta-feira, 4 de abril de 2014

OS 10 MAIORES INIMIGOS DO MOTOCICLISTA

É comum encontrarmos em nosso dia a dia, pessoas tecendo fervorosas críticas ao uso da motocicleta, e estas são as mais diversas, começando pelo comportamento de alguns motociclistas, passando pelos custos hospitalares e chegando até as questões de segurança pública. 

Algumas esferas do Governo Federal têm se referido a estes acidentes como uma epidemia em nosso país. Mas, o que pouca gente sabe é que, apesar de muito ainda precisar ser feito, inúmeras ações em busca da harmonia no trânsito e pilotagem com segurança são realizadas em ao longo de todo território nacional. 

É verdade, também, que muito ainda precisa ser feito, pois, a grande maioria dos acidentes pode ser evitado se forem adotadas medidas muito simples pelos próprios usuários das motocicletas e se o sistemas de fiscalização de trânsito e segurança pública fossem mais efetivos. 

Para que sejam tomadas as medidas realmente capazes de produzir resultados, é necessário conhecer o problema. Por isto, proponho neste artigo uma reflexão sobre os maiores inimigos da moto, em termos de pilotagem segura. 

O grande inimigo do motociclista é a imprudência dos próprios usuários e motoristas que, segundo a última pesquisa realizada pela Dra. Júlia Greve, em conjunto à USP e Abraciclo, são responsáveis por 88% dos acidentes. 

Mas, imprudência é um termo relativamente genérico, portanto, vamos refletir sobre o que expõe o motociclista a maior fragilidade e, consequentemente, ao maior risco de acidentes. 

Auto confiança excessiva que resulta no “abuso” - É até natural que o ser humano passe a fazer de maneira "automática" tarefas que realiza com muita frequência, e isto acontece também no ato de pilotar motos.

Mas, independentemente da experiência e frequência com que se pilota, é fundamental manter a concentração e o senso de limites apurados quando estamos acelerando. 

É frequente observarmos jovens se expondo a riscos tão elevados quanto desnecessários. 

Falta de visão do poder público - Infelizmente, em algumas regiões do País, o poder público parece ignorar a existência de motocicletas. Mesmo nas maiores cidades brasileiras, onde a moto poderia perfeitamente ser considerada uma das alternativas aos problemas de mobilidade urbana, pouco se faz visando a segurança do motociclista. 

Um simples exemplo disto é o número baixíssimo de faixas exclusivas, a restrição em estacionamentos, que muitas vezes são da própria prefeitura, como acontece no Hospital das Clínicas, em São Paulo. 

Capacitação - Quem já realizou o CFC (Curso de Formação de Condutores) sabe. As regras e métodos utilizados atualmente são insuficientes para preparar o condutor para pilotar qualquer tipo de motocicleta. 

São ignorados fatores como velocidade, estradas, tipo de motocicleta, condução de garupa, entre outros. O resultado é que o cidadão é habilitado a pilotar qualquer moto em qualquer lugar e, quando isto acontece de fato, o risco é enorme. 

Uso de equipamentos de segurança - Infelizmente itens tão básicos como capacete, luvas, calçador e roupas minimamente seguras para o uso de motocicletas são ignorados pelos usuários. 

Manutenção das motos - Apesar do custo de manutenção da grande maioria das motos ser relativamente baixo, muitos motociclistas arriscam suas vidas, utilizando peças e equipamentos sem a mínima condição de segurança. 

Distração com músicas ou celular - Há pouco tempo atrás não era comum encontrar motociclistas utilizando fones de ouvidos ou mesmo falando ao celular durante a pilotagem. 

Estas atitudes são extremamente perigosas, pois além de tirar a atenção do piloto, também o impede de ouvir o que está acontecendo a sua volta, como o som de uma buzina ou mesmo a aproximação de outro veículo. 

Uso de drogas e álcool - A pesquisa realizada pela Dra. Julia Greve constatou que 21,7 dos condutores acidentados haviam feito uso de drogas e álcool. 

Pilotagem sem habilitação - Se o atual método de habilitação ainda está longe de ser o ideal, que dirá do risco de se pilotar sem habilitação. 

A mesma pesquisa revela que a ausência de habilitação está diretamente ligada à gravidade das lesões. 

Entre 300 vítimas de acidentes com entrada em hospital temos: 57 sem habilitação (entre estes, 67% sofreram lesões graves). 243 habilitados (entre estas, 43% sofreram lesões graves). 

Imprudência do motorista - De acordo com pesquisas, 49% dos acidentes de motos ocorrem por culpa de motoristas de outros veículos, entre estes, 88% são por imprudência. É preciso ter harmonia no trânsito, pois este é responsabilidade de todos. 

Formação de cidadãos preparados para o trânsito - O transito é uma realidade na nossa sociedade. De norte a sul do País, o tráfego de veículos é cada vez mais intenso, sendo assim, mais complexo e perigoso. 

Por que ainda não faz parte no plano de ensino das escolas primárias e secundárias, uma matéria que forme as crianças e jovens para esta realidade? 

Nossos jovens fazem 18 anos, correm para tirar sua habilitação e tentar provar que já são adultos. Ás vezes, nem chegam a ser! Até quando o poder público vai ignorar esta realidade? 

Se juntos refletirmos e cada um agir dentro daquilo que está ao seu alcance, poderemos fazer a diferença para um trânsito mais humanizado e menos violento. 

Por: Fernando Medeiros, diretor-executivo da Assohonda. [www.assohonda.org.br].