"O que é que se encontra no início? O jardim ou o jardineiro? É o jardineiro. Havendo um jardineiro, mais cedo ou mais tarde um jardim aparecerá. Mas, havendo um jardim sem jardineiro, mais cedo ou mais tarde ele desaparecerá. O que é um jardineiro? Uma pessoa cujo pensamento está cheio de jardins. O que faz um jardim são os pensamentos do jardineiro. O que faz um povo são os pensamentos daqueles que o compõem." (Rubem Alves)

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

BURACOS NAS VIAS PROVOCAM PREJUÍZOS E PERIGOS PARA OS MOTORISTAS

Motorista precisa ter cuidado ao trafegar em ruas com buracos e estar atento aos danos causados ao veículo
Os buracos nas ruas e avenidas de Fortaleza, além de atrapalharem o trânsito de carros e pedestres, trazem prejuízos para os proprietários de veículos e põem em risco a segurança. Um trânsito seguro e de qualidade é um direito do cidadão previsto pelo Código Brasileiro de Trânsito. Ainda assim, os fortalezenses ainda não estão livres dos problemas, por isso é importante ficar atento aos cuidados necessários ao dirigir e, principalmente, é preciso ficar atento aos direitos de quem for prejudicado pela falta de estrutura.

O motorista de transporte alternativo, Edson Santos, 40, faz a rota da van linha “10”, que circula, dentre outros bairros, pelo Conjunto Ceará, um dos bairros de Fortaleza que apresentam situação crítica em relação à qualidade das vias. No começo do mês de janeiro, Edson teve de desembolsar R$ 1.200 para conserta uma mola dianteira do veículo, que quebrou após o carro cair em um buraco na Avenida C. “Toda semana tem alguma coisa para consertar”, desabafa o motorista.

O segurança Adriano Sousa, 32, mora no bairro Vila Manoel Sátiro e, há pouco tempo, também teve prejuízos por conta da falta de estrutura das vias. Segundo ele, havia um buraco grande em uma rua próxima à avenida Osório de Paiva, do qual não foi possível desviar por conta de um caminhão na contramão. Além disso, logo atrás vinha outro carro, o que o impossibilitou de frear bruscamente, conta Adriano. “O jeito foi passar por dentro do buraco”, diz o segurança. A ação custou um pneu novo e um conserto na caixa de direção, com gasto de R$ 280.

O impacto nos carros

Os problemas causados nos veículos pelos buracos na malha viária são inúmeros, desde os chamados vícios repentinos no carro, que são os chamados “grilos”, à parte principal de freios e suspensão do veículo, destaca o chefe de mecânica do centro automotivo Ceará Autos, Patrício Guimarães.
Suspensão
“O que mais sofre é o conjunto de suspensão do veículo”, diz Patrício. A suspensão é feita por um conjunto de mola e amortecedor, dentre outros itens, responsável pela aderência do veículo ao solo. Com a quantidade maior de buracos, a vida útil do amortecedor, por exemplo, diminui bastante, segundo o mecânico.

“Alguns fabricantes recomendam substituir o amortecedor a partir de 40 mil (quilômetros rodados). Chegam muitos carros que a gente substitui os amortecedores com a metade dessa vida útil por conta justamente de que o tempo de vida útil nessas ruas é ruim”, ressalta.

O chefe de mecânica aponta que, se o amortecedor estiver estourado, o carro perde a estabilidade.“Até mesmo em uma curva simples ele já balança muito, já ‘canta pneu’ muito fácil”, destaca.

Pneu

O pneu é um dos maiores vilões do bolso por conta dos buracos, ressalta Guimarães. Quando os pneus sofrem impacto, destaca, ele pode desenvolver bolhas que podem estourar e prejudicar a segurança dos passageiros. Outro detalhe em relação às pancadas no pneu, é que é preciso ficar atento ao aro. “Tem de ser uma coisa simultânea: levou uma pancada no pneu tem de mandar desempenar o aro e botar um pneu novo”, alerta.

Freios

Patrício destaca também que, por conta dos buracos e dos desvios, o motorista utiliza mais os freios, por isso a manutenção terá de ser em um curto espaço de tempo.

Gastos com problemas

O usuário precisa ficar atento aos sinais de que o carro sofreu prejuízos. Barulho no freio, trepidação da direção, carro que “puxa” para um lado, são alguns dos sinais de que o veículo precisa ser levado a um mecânico, de acordo com o especialista. Identificar problemas antes que eles piorem é uma das melhores maneiras de não gastar dinheiro com consertos.

Numa manutenção barata, como forma de prevenção, de freios, por exemplo, o proprietário pode gastar cerca de R$180 a R$ 200, diz Patrício. No caso de uma manutenção por completo, como em um conjunto de freios, chega a R$ 500. “Você passa a gastar mais só por conta de uma não observância desses itens”, destaca.

Estar atento ao conjunto de suspensão também é importante, a simples troca de uma bucha ou de um coxim do amortecedor, segundo Patrício, que não são tão caros, podem evitar prejuízos com o amortecedor. “Em muitos carros, hoje, o amortecedor, no conjunto de suspensão, é um dos itens mais caros. A gente tem carros importados em que o amortecedor custa R$ 1200, R$ 1300, e um simples coxim chegaa R$ 150, R$ 200.

Direitos do Cidadão

O cidadão que teve o carro quebrado ou sofreu algum acidente por conta de um buraco na malha viária pode entrar com um processo na Justiça para que o prejuízo seja ressarcido, de acordo com o advogado e professor de Responsabilidade Civil, do curso de Direito da Universidade Federal do Ceará (UFC), Regnoberto Melo.

Para solicitar a indenização, o advogado destaca que é importante demonstrar que houve omissão da administração pública. “A pessoa pode acionar a Autarquia ou Prefeitura Municipal, mas a ‘culpa administrativa’ tem de ser comprovada”, diz Regnoberto. Algumas medidas devem ser tomadas para entrar com o processo:

1 – É preciso buscar testemunhas que viram o acidente e que comprovem que o buraco está no local há algum tempo, pelo menos há uns seis meses;

2 – Documentos, como matérias em jornais, podem ser usados no processo;

3 – É importante ter fotos ou vídeo do carro ou do local que comprovem o prejuízo;

4 – A perícia deve ser acionada ao local do acidente (quer tenha sido de moto, carro, bicicleta ou a pé), para que a vítima tenha um laudo pericial;

5 – No caso de danos físicos, é preciso um laudo médico para comprovar as lesões.

Após reunir os documentos, a pessoa deve ingressar judicialmente perante uma das varas da Fazenda Pública ou se voltar a varas cíveis.

O que diz a lei:

Código de Defesa do Consumidor - Artigo 22: Os órgãos públicos, por si ou suas empresas, concessionárias, permissionárias ou sob qualquer outra forma de empreendimento, são obrigados a fornecer serviços adequados, eficientes, seguros e, quanto aos essenciais, contínuos.

Parágrafo único. Nos casos de descumprimento, total ou parcial, das obrigações referidas neste artigo, serão as pessoas jurídicas compelidas a cumpri-las e a reparar os danos causados, na forma prevista neste código.

Código Brasileiro de Trânsito – Artigo 1° / Parágrafo 2: O trânsito, em condições seguras, é um direito de todos e dever dos órgãos e entidades componentes do Sistema Nacional de Trânsito, a estes cabendo, no âmbito das respectivas competências, adotar as medidas destinadas a assegurar esse direito.

Todos os créditos para Jornal O POVO on line.