Ou, simplesmente, "Passeando pelas pontes do Rio Quixeramobim"
FOTO 1: Ponte da Maravilha. Créditos para JUCIVAN ALVES DE SOUSAQUIXERAMOBIM é um município cearense que se localiza a 224 quilômetros da capital Fortaleza e que vivencia fase de franco desenvolvimento econômico. Pelo menos é o que se pode deduzir a partir da evolução de sua frota veicular, que no início do ano 2006 era inferior a 5.000 veículos e hoje supera os 13.000.
A cidade de Quixeramobim, ou distrito-sede do município, tem como uma de suas principais características ser cortada ao meio por um rio (que recebe a mesma denominação da cidade), o que faz com que essa seja dividida em duas áreas: uma denominada “centro” (ou a “cidade” propriamente dita e o “outro lado do rio”). Ligando essas duas áreas, existem, a partir da Ponte da Barragem (foto 2, abaixo), outras pontes e passagens molhadas, tendo, a mais recentemente construída, sido denominada “Via Paisagística” (foto 3, abaixo).
FOTO 2: Ponte da Barragem de Quixeramobim, um dos cartões postais da cidade. A partir dessa queda d’água, tem-se o rio que corta a cidade ao meio. Créditos da foto para MAGNO LIMA
FOTO 3: Via Paisagística, ligando o bairro Jaime Lopes (“outro lado do rio”) à cidade propriamente dita. Atualmente, o terraço situado próximo a essa ponte é bastante utilizado para a realização de eventos festivos, como, por exemplo, o “Festival das Férias” (com apresentação de bandas conhecidas nacionalmente (Jota Quest e Skank já se apresentaram no local) e o “Carnacentral” (carnaval promovido pela administração municipal). Créditos da foto para JUCIVAN ALVES DE SOUSATodavia, um dos aspectos mais interessantes encontrados no conjunto de pontes e passagens ao longo do trecho urbano do Rio Quixeramobim é, por sem dúvida, a conhecida “Ponte da Maravilha”. Trata-se de uma ponte que liga o bairro homônimo à área central da cidade. Referida ponte, pela estreiteza que apresenta, obriga que apenas um fluxo veicular seja permitido de cada vez, alternando-se os sentidos conforme a demanda (como é possível se observar nas fotos 4 e 5, abaixo).
FOTO 4: Ponte da Maravilha. Créditos para JUCIVAN ALVES DE SOUSA
FOTO 5: Créditos para JUCIVAN ALVES DE SOUSADe se ressaltar que a ponte em destaque recebe uma demanda considerável de fluxo – veículos automotores em geral, veículos de tração animal, ciclistas, pedestres etc. principalmente no espaço de tempo compreendido entre 06h e 22h. Desse modo, durante esse intervalo, ocorriam muitos conflitos entre os usuários, pois aquele que primeiramente adentrava na evidenciada ponte (ou mesmo aquele que viesse a “concluir” que adentrara primeiro) muitas vezes, ao se deparar com outro usuário em sentido contrário, recusava-se peremptoriamente a recuar; o que provocava congestionamentos sobre a ponte que, por vezes, se estendiam para além dela.
Não raro a Polícia Militar era acionada para resolver o conflito e gerenciar a situação, determinando que um dos condutores retrocedesse, desobstruindo a ponte. Vale ressaltar que, pelo próprio desenho e pela dinâmica da Ponte da Maravilha, o condutor que trafega sentido Área Central-Maravilha não consegue visualizar o condutor que se desloca do referido bairro para a Área Central. O inverso também é verdade: o condutor que sai do bairro em direção à Área Central, também não consegue ver se alguém acabou de adentrar à ponte no sentido oposto.
Pois bem, o ideal seria que a ponte comportasse dois veículos, no mínimo, dois automóveis, simultaneamente. Tal circunstância, todavia, não corresponde à realidade. Solução de engenharia nesse sentido (ampliação/alargamento da ponte, por óbvio, seria bastante onerosa). O que fazer, então, diante de tal problema?
A solução adotada foi a instalação de um sinal semafórico operado manualmente. Assim, de uma cabina situada em uma das extremidades da ponte (mais precisamente a que corresponde à área da cidade) um operador visualiza ambas as extremidades da ponte e efetua o controle (consoante se percebe abaixo, nas fotos 6, 7, 8 e 9 - todas de autoria de JUCIVAN ALVES DE SOUSA):
FOTO 6: Cabina de controle do semáforo da Ponte da Maravilha
FOTO 7: Visão da Ponte da Maravilha a partir da cabina de controle
FOTO 8: Operador responsável pelo controle de fluxo, em plena atividade
FOTO 9: Fluxo retido, aguardando a liberação do sentido cidade-bairroDesse modo, os tempos de “verde” e “vermelho” para um ou para o outro sentido, vai sendo administrado conforme as demandas de fluxo. Acaba sendo um sinal que, apesar de funcionar de modo bastante rudimentar, consegue ser “inteligente”, em razão do que os conflitos, a partir da instalação desse equipamento, reduziram-se significativamente. A situação se complica, pra valer, mesmo, é quando um larápio resolve furtar os fios da instalação do sistema semafórico operado manualmente (ver aqui), forçando os agentes da AMTQ a exercerem, in loco, a operação de trânsito na referida ponte.
Por certo, seria erro crasso deixar de se mencionar, neste texto, a Ponte Metálica de Quixeramobim (conhecida "Ponte do Trem"), impávida e sobranceira no centro do rio, outrora utilizada como trecho de ferrovia e atualmente usada apenas pelos transeuntes que se deslocam a pé, normalmente do bairro Depósito para a cidade ou fazendo o percurso inverso. Tal equipamento, com o seu coração de metal, é tão simbólico para Quixeramobim, quanto Ariano Suassuna, com sua obra, o é para o Nordeste e para o Brasil. Nada mais apropriado, então, do que fechar com a ponte e o poeta este ensaio acerca do ir e vir::
"Eu digo sempre que das três virtudes teologais chamadas, eu sou fraco na fé e fraco na qualidade, só me resta a esperança. Eu sou o homem da esperança".Observações:
(ARIANO SUASSUNA)
Todos os créditos da última sequência de fotos para FERNANDO IVO DE SOUSA RIBEIRO, do blog O SERTÃO É NOTÍCIA.
O título da postagem faz referência a um trecho do hino do município de Quixeramobim, letra de Andrade Furtado.