"O que é que se encontra no início? O jardim ou o jardineiro? É o jardineiro. Havendo um jardineiro, mais cedo ou mais tarde um jardim aparecerá. Mas, havendo um jardim sem jardineiro, mais cedo ou mais tarde ele desaparecerá. O que é um jardineiro? Uma pessoa cujo pensamento está cheio de jardins. O que faz um jardim são os pensamentos do jardineiro. O que faz um povo são os pensamentos daqueles que o compõem." (Rubem Alves)

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

MORTES ENVOLVENDO MOTOS DISPARAM EM PEQUENAS CIDADES

O aumento da frota de motos em circulação no Brasil se tornou responsável por uma das piores epidemias que o País já enfrentou. Foram 65 mil mortes em acidentes com motocicleta nos últimos dez anos - número equivalente ao total de americanos mortos na Guerra do Vietnã.

E não é nas grandes metrópoles litorâneas ou do Sudeste que as mortes têm maior peso nas estatísticas. São as pequenas cidades do interior, especialmente do Nordeste, Norte e Centro-Oeste do País, que concentram as maiores taxas de mortalidade por quantidade de motos ou motonetas em circulação - em municípios como São Gonçalo do Piauí (PI), Ribeirãozinho (MT) e Aurora do Tocantins (TO).

Em números absolutos, as mortes em cada uma dessas cidades podem não impressionar. São duas, três, dez por ano. Por isso, não provocam tanto barulho. Mas, quando somadas, configuram uma epidemia só comparável à provocada pelos assassinatos. E as vítimas têm o mesmo perfil: jovens de 20 a 29 anos, do sexo masculino e de baixa renda. Nessa faixa etária, nem câncer nem enfarte nem nenhuma outra doença mata mais do que as motos. Só as armas de fogo.


Entre as capitais, São Paulo ocupa apenas o 13.º lugar no ranking da mortalidade envolvendo motociclistas. O Rio fica em 15.º. A campeã, com uma taxa três vezes maior, é Boa Vista (RR), seguida de perto por Palmas (TO).

O Ministério da Saúde se diz preocupado com o crescimento das mortes, mas há poucos programas de abrangência nacional em curso para combater a epidemia.

O aumento das mortes está diretamente ligado ao avanço da frota sobre duas rodas que, de 2000 a 2010, cresceu quatro vezes de tamanho. É exatamente a mesma taxa de crescimento do número de mortes.

Com informações do portal O ESTADÃO.COM.BR

INTERVENÇÕES EM RODOVIAS: CARÊNCIA DE MÃO DE OBRA É OBSTÁCULO

Situação que há anos incomoda quem trafega pelas rodovias estaduais e federais do território cearense, a má conservação das estradas tem levado o poder público a reforçar a elaboração de projetos e a execução de reparos e obras nesse tipo de via. Entretanto, diante da carência de mão de obra qualificada no setor, a utilização adequada dos recursos agora empregados nos serviços gera preocupação entre especialistas e a administração pública.

Para o professor chefe do Departamento de Engenharia de Transportes da Universidade Federal do Ceará (UFC), Jorge Soares, o maior desafio que se apresenta agora aos gestores que irão executar obras nas rodovias é a saber como utilizar a verba de que dispõem. "Antes, o desafio era captar recursos. Agora, é usá-los", aponta. O fato, explica, deve-se ao "atraso" brasileiro no que se refere à tecnologia de pavimentação, gerado pela falta de investimentos no setor, no passado, e consequente carência de mão-de-obra.


Consequência

Como consequência, destaca o professor, a elaboração de projetos, a execução e o acompanhamento de obras por parte do poder público podem ser comprometidos pela carência de profissionais, ocasionando utilização inadequada de recursos e má qualidade do serviço. A falta de mão de obra, complementa, não se restringe aos segmentos mais especializados, mas se estende por todos os níveis do setor - de operadores de máquinas a engenheiros de campo, por exemplo.

A deficiência do poder público no setor pode ser observada, aponta, através da comparação com serviços realizados por concessionárias nas rodovias. Conforme Soares, as rodovias consideradas de melhor qualidade no País são de responsabilidade de empresas privadas. A situação deve-se ao maior rigor das empresas na elaboração de projetos. No caso das estratégias elaboradas pelo governo, afirma, os projetos tendem a ser "desatualizados" em relação aos critérios e tecnologias mais modernos de pavimentação.

POSSIBILIDADE

Concreto é visto como alternativa

Os custos da implantação, contudo, são mais elevados do que os da massa asfáltica tradicionalmente usada

Além da forma como serão executadas as obras, a escolha do tipo de serviço é também uma preocupação de especialistas. Para a professora Verônica Castelo Branco, também do Departamento de Engenharia de Transportes da UFC, falta ao poder público, no caso do Ceará, ser mais "flexível" quanto ao estudo e à adoção de novas tecnologias de pavimentação.

Segundo a professora, além da massa asfáltica tradicionalmente usada no Estado, há diversos outros materiais utilizados no Brasil e em outros países que, em determinados casos, poderiam ser analisados como alternativas para vias da Capital ou rodovias, podendo vir a ser "oficializados" pelos órgãos que planejam as intervenções.

Entre as alternativas indicadas como forma de reverter, ao menos em parte, o cenário de degradação das rodovias de fluxo mais intenso do País e reduzir os gastos com manutenção, a pavimentação com concreto faz parte de dois projetos do governo federal - as duplicações do Anel Viário e da BR-222, entre os quilômetros 11 e 35.

De acordo com o gerente Norte e Nordeste da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) - entidade mantida pela indústria brasileira de cimento -, Eduardo Barbosa de Moraes, esse tipo de pavimentação é principalmente indicado para vias de fluxo intenso de veículos, especialmente aquelas por onde trafegam veículos pesados, como áreas de escoamento de safra e regiões portuárias.

Segundo Moraes, a principal vantagem da pavimentação com concreto, em relação à massa asfáltica utilizada nas rodovias que passam pelo Ceará, é a maior resistência ao peso dos veículos, proporcionando maior durabilidade, com vida útil de até mais de 40 anos.

Além disso, destaca, esse tipo de estrutura oferece mais segurança aos condutores, já que possui uma distância de frenagem menor. O concreto, acrescenta, também retém menos calor - o que, por sua vez, promove uma redução no desgaste do pneu.

Conforme Soares, a deficiência do setor teve início com a extinção do Fundo Rodoviário Nacional, em 1988, reduzindo os investimentos na área e repelindo profissionais - quadro que só começou a ser alterado por volta de 2006, quando o governo federal passou a investir mais fortemente na pavimentação. Por esse motivo, aponta, há uma "geração perdida" de especialistas no setor. "Existe uma geração de engenheiros mais velhos e outra de engenheiros já bem mais novos na área".

Fonte: DIÁRIO DO NORDESTE / REPÓRTER JOÃO MOURA - Disponível aqui