"O que é que se encontra no início? O jardim ou o jardineiro? É o jardineiro. Havendo um jardineiro, mais cedo ou mais tarde um jardim aparecerá. Mas, havendo um jardim sem jardineiro, mais cedo ou mais tarde ele desaparecerá. O que é um jardineiro? Uma pessoa cujo pensamento está cheio de jardins. O que faz um jardim são os pensamentos do jardineiro. O que faz um povo são os pensamentos daqueles que o compõem." (Rubem Alves)

quarta-feira, 13 de julho de 2011

UMA TRAGÉDIA... E UM MILAGRE


Uma tragédia que só não foi ainda maior pela perícia e ação rápida de um motorista de ônibus. Por volta das 10 horas de ontem, José da Silva, 55, dirigia um ônibus da Expresso Guanabara de Fortaleza para Recife (PE), quando na altura do quilômetro 89 da BR-116, localidade de Pitombeira, em Ocara, conseguiu desviar o seu veículo de uma colisão frontal envolvendo dois caminhões-tanque e um caminhão-guincho, que transportava uma van.

A batida dos caminhões resultou na morte de cinco pessoas, que foram carbonizadas após um incêndio que consumiu os três veículos. No entanto, no ônibus guiado por José da Silva, 31 passageiros saíram praticamente ilesos. Um deles teve apenas ferimentos leves.

“O caminhão tanque estava na minha frente. Tive pouco tempo pra pensar. Puxei o ônibus para o mato e graças a Deus escapamos da explosão”, comemorou o motorista. O ônibus ainda se chocou de raspão com um dos caminhões e seguiu cerca de 50 metros dentro do matagal, onde derrubou cercas de arame.

Com o impacto da colisão entre os três caminhões, houve várias explosões. As cinco vítimas, que estavam nos caminhões, morreram carbonizadas sem nenhuma chance de sobrevivência. “Foi horrível. Quando conseguimos sair do ônibus, ainda pudemos ouvir os gritos dos motoristas dos caminhões. O fogo estava alto. Nada pudemos fazer. Não sei como vou me esquecer dessa cena”, lamentou o motorista Alexandre Nunes, que viajava para Recife.

“Só temos que agradecer a Deus e ao motorista”, acrescentou. A Perícia Forense do Ceará ainda vai trabalhar na identificação das vítimas que ficaram totalmente queimadas. A retirada dos corpos das ferragens só aconteceu no fim da tarde de ontem, depois que o local foi periciado. As pessoas que morreram no acidente foram trazidas para o Instituto Médico Legal (IML) de Fortaleza.

O POVO opta por não divulgar o nome de nenhuma das vítimas até que o IML confirme as respectivas identidades. Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), a rodovia ficou interditada nos dois sentidos por cerca de 10 horas entre os municípios de Chorozinho e Beberibe.

A PRF informou que o engarrafamento formou filas de mais de 30 quilômetros de carros parados. Os dois caminhões se chocaram de frente numa curva.

“Só a perícia vai poder apontar as causas do acidente. Mas dá para se perceber que um deles invadiu a contra-mão”, observou o policial rodoviário federal, Pedro Bandeira. O patrulheiro ressaltou que no local não é comum a ocorrência de acidentes. “A chuva deixou a pista molhada. Isto com certeza contribuiu para a ocorrência da colisão”, reforçou o policial.

Incêndio
O incêndio foi controlado pelos Bombeiros por volta das 13 horas. Os três veículos envolvidos no acidente (um reboque e dois caminhões-tanque) vinham de Fortaleza, Maracanaú e Horizonte.

‘’Por enquanto fica muito difícil saber a causa do desastre”, disse ao O POVO o major Oliveira, que comandava a equipe dos Bombeiros, acrescentando que somente a perícia poderá definir o motivo da colisão.

Por quê

ENTENDA A NOTÍCIA
Perícia vai constatar o que motivou o acidente. Versão da PRF aponta que um dos caminhões pode ter forçado ultrapassagem. O Corpo de Bombeiros de Horizonte diz que a chuva deve ter complicado a visibilidade.

COMO FOI O ACIDENTE

Conforme a PRF, os dois caminhões se chocaram de frente, em curva da BR, e um dos dois teria forçado ultrapassagem. O policial Pedro Bandeira, que atendeu o caso, garante que um deles estava na contramão.

Segundo a PRF, um guincho que vinha logo atrás bateu na traseira de um dos caminhões, que já estavam em chamas. A dúvida é se o guincho forçou ultrapassagem ou foi alvo da tentativa de ultrapassagem de um dos caminhões.

Um ônibus que passava na ocasião bateu de raspão em um dos caminhões e entrou no mato por cerca de 50 metros. O motorista do coletivo diz não ter tido nem tempo de acionar o freio do veículo, apenas tirando-o da pista.

Os bombeiros chegaram e demoraram cerca de três horas para controlar o fogo. A PRF confirmou a morte de cinco pessoas carbonizadas - duas no guincho, uma no caminhão com o tanque cheio e duas no caminhão com tanque vazio.

Fonte: O POVO, edição de 13.07.2011