"O que é que se encontra no início? O jardim ou o jardineiro? É o jardineiro. Havendo um jardineiro, mais cedo ou mais tarde um jardim aparecerá. Mas, havendo um jardim sem jardineiro, mais cedo ou mais tarde ele desaparecerá. O que é um jardineiro? Uma pessoa cujo pensamento está cheio de jardins. O que faz um jardim são os pensamentos do jardineiro. O que faz um povo são os pensamentos daqueles que o compõem." (Rubem Alves)

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

NOTA DE ESCLARECIMENTOS


Segue abaixo reprodução de nota, da minha lavra, divulgada hoje (20/01/2011) no site Revista Central:

Cumprimentando a todos os cidadãos quixadaenses e, em particular, ao meu amigo Jackson Perigoso, idealizador deste espaço democrático, o qual sempre se mostra aberto ao bom debate, recorro ao informativo Revista Central (pelo qual tenho grande apreço e onde já tive oportunidade de expor algumas ideias) para fazer alguns esclarecimentos.

A propósito de algumas matérias veiculadas no presente site e os comentários que eventualmente as notícias geraram ou possam vir a suscitar, mormente aquelas matérias que fazem alusão ao trânsito urbano de Quixadá-CE, faço as seguintes ponderações:

1. Compreendo perfeitamente a ânsia das pessoas que residem nesta bela cidade, pois é direito do munícipe um trânsito organizado e seguro – o que, segundo tenho conhecimento, nunca foi uma realidade, desde que a gestão viária por parte do município foi implantada. Assim, colocações como a que foi feita pela Sra. Ana Paula (in comentários ao post: Girando: Prefeitura autoriza que trânsito de Quixadá fique ainda mais complicado ) são, em grande parte, dotadas de razoabilidade. Outrossim, pelo fato de ter meu nome cogitado para assumir a direção do DMT, até já me sinto um pouco responsável em tentar responder;

2. Necessário, todavia, que seja esclarecido o seguinte ponto: não existe, ainda, a “nova gestão nomeada” (consoante as palavras da Sra. Ana Paula). Recebi, sim, um convite feito pelo Sr. Prefeito Municipal, Dr. Rômulo Carneiro – o que muito me honra, porém não me envaidece, pois tenho um sincero sentimento de carinho para com o município de Quixadá, vizinho mais próximo e ilustre de minha terra natal, Quixeramobim - e, nesse sentido, firmamos um compromisso na perspectiva de que, somando esforços com a equipe já existente no DMT local, possa eu contribuir com a minimização do grande problema representado pela situação do trânsito quixadaense. Ocorre que sou servidor militar estadual e, desse modo, a minha atuação junto a uma administração municipal – com vínculo formal (secretário ou outro cargo semelhante) prende-se a algumas formalidades legais.
Ressalto, por oportuno, que esse diagnóstico (trânsito de Quixadá: grande problema) não é exclusivamente meu, pois é reforçado diariamente por inúmeras opiniões expostas pelos próprios cidadãos quixadaenses.
Em tempo: não conhecia, até ser convidado para o desafio em questão, o Sr. Prefeito Municipal. Não sou filiado a nenhum partido político e nem pertenço ao círculo social de nenhum político quixadaense. Tenho alguns poucos bons amigos em Quixadá e eles sabem que, em minha opinião, bom amigo é aquele que não interfere na correta atuação profissional do outro;

3. Ouso opinar que o trânsito não pode ser pensado apenas sob o aspecto fiscalização (campo de atuação dos AGENTES de fiscalização). Estudos demonstram que, em matéria de trânsito, a mais eficiente das fiscalizações consegue flagrar e autuar, no máximo, 5% das infrações cometidas. Minha pequena experiência profissional evidencia, também, que, não obstante existam cobranças e expectativas por mais fiscalização, quase que de forma generalizada (até mesmo onde ela já existe com regularidade, e não apenas em Quixadá), boa parte das pessoas costuma ser contraditória no que se refere à relação discurso-prática: tenho visto muitas pessoas que exigem fiscalização mais rigorosa, encabeçar a lista dos que questionam essa mesma fiscalização quando ela, de fato, ocorre! Ou seja: fiscalização intensa e rigorosa é algo positivo e imprescindível PARA OS OUTROS. Frases do tipo: “Sou cidadão(ã)!”, “Tenho meus direitos.”, “Porque vocês não vão fiscalizar isso ou aquilo, em vez de fiscalizar a mim, um(a) trabalhador(a)!?”, já escutei muitas vezes -  e, por certo, os agentes de fiscalização mais ainda!;

4. É fato que Quixadá, com sua entidade executiva de trânsito (o DMT) devidamente inserida no Sistema Nacional de Trânsito, ainda carece de um projeto continuado voltado para a boa gestão do trânsito. Assim, para que um empreendimento dessa natureza possa ser desenvolvido no município a deliberação tem que ser para valer. Referido projeto precisa ser contínuo, pois, para a população, o recado do Poder Público não pode gerar ambiguidade. Dr. Rômulo, o atual prefeito, no presente momento da gestão, afirma possuir essa disposição e é justo que se lhe dê crédito. Do mesmo modo, pelas mesmas razões de equidade, dessa feita para com a população, não é admissível que, em relação a uma única atividade pública (gestão do trânsito), ora se adote uma postura de rigorosidade demasiada, ora se opte por outra de flexibilidade extrema. Entendo que todos devem ser responsáveis pelo trânsito seguro, todos devem contribuir para a boa gestão do trânsito. Quem observa a norma, cumpre a lei, indubitavelmente faz sua parte. É o ideal, o que se espera. Quem, ao contrário, não atende a legislação e faz pouco caso de regras que foram idealizadas para facilitar a convivência no espaço público, precisa ser compelido a colaborar, se não mediante um processo de aculturação (assimilação da importância de se observar e cumprir a norma: CTB), implicando mudança de postura; que seja por força da penalidade – no mais das vezes, multa - sanção que deve ser aplicada a quem viola a norma. Que se utilize o dinheiro do infrator em benefício da coletividade, investindo-o na boa gestão do trânsito;

5. Diagnosticar problemas e propor soluções. Este é, no momento, meu compromisso com o município de Quixadá. Concluída essa etapa e superados alguns entraves administrativo-legais, planos e projetos idealizados deverão ser, gradativamente, colocados em prática. Essencial que esses projetos atentem para o valor da educação e das soluções de engenharia no contexto da gestão municipal do trânsito, sem menosprezo, todavia, do quão importante é uma equipe de fiscalização atuante e, acima de tudo, legalista. No tocante à postura individual no trânsito, sugiro que, desde logo, você que ora lê esta nota procure fazer sua parte e tenha consciência de que o direito de uma coletividade se constrói com a correta (e na justa medida) participação de cada um. Exerça, desde já, a sua cidadania. Não espere que o Poder Público lhe “obrigue” a colocar a placa de sua motocicleta; não fique esperando ser autuado e multado para, só então, esbravejar contra a fiscalização e pensar em obedecer o Código de Trânsito, utilizando capacete, cinto de segurança, respeitando a sinalização semafórica e tantas outras regras do conhecimento de todos.

Abraço a todos e consciência, também, no trânsito!

Luís Carlos Paulino