"O que é que se encontra no início? O jardim ou o jardineiro? É o jardineiro. Havendo um jardineiro, mais cedo ou mais tarde um jardim aparecerá. Mas, havendo um jardim sem jardineiro, mais cedo ou mais tarde ele desaparecerá. O que é um jardineiro? Uma pessoa cujo pensamento está cheio de jardins. O que faz um jardim são os pensamentos do jardineiro. O que faz um povo são os pensamentos daqueles que o compõem." (Rubem Alves)

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

CARTA À PRESIDENTA DILMA


A presidente Dilma Rousseff lançou há poucos dias - durante a semana do trânsito - uma campanha pela conscientização no trânsito, em cerimônia com a presença de pessoas que sofreram acidentes de trânsito, esportistas e artistas. A campanha é permanente, tem ações para conscientizar os motoristas e reduzir acidentes e mortes. As atividades integram o Pacto Nacional pela Redução de Acidentes

Com as ações, o governo busca atingir a meta firmada pela Organização das Nações Unidas (ONU) de reduzir em 50% os óbitos decorrentes de acidentes no trânsito entre 2011 e 2020. Em 2010, a ONU proclamou o período citado como Década Mundial de Ação pela Segurança no Trânsito.

A presidente Dilma Rousseff disse que governo e a sociedade devem cooperar para que o desenvolvimento econômico do Brasil não traga apenas bens materiais e mais veículos para as ruas, mas também o fortalecimento dos valores de preservação da vida. E registrou que a indústria automobilística também deve se empenhar para elevar o padrão de segurança.

Aproveitando o ensejo, escrevi artigo intitulado CARTA À PRESIDENTA DILMA, que foi publicado hoje, 28/09/2012, no Jornal O ESTADO, cujo inteiro teor reproduzo abaixo:

"Excelentíssima Senhora Presidenta Dilma Rousseff,

Salvo por uma ou outra nota auspiciosa no noticiário brasileiro, penso que, no geral, a política e o trânsito não têm nos proporcionado alegrias. Apesar disso, fiquei muito feliz e esperançoso em presenciar Vossa Excelência, a mais alta autoridade política brasileira, se pronunciando, nos últimos dias, a respeito dele mesmo, o nosso trânsito.

Não se olvida que Vossa Excelência é altamente bem assessorada e que não seria o caso de aqui se mencionar números e estatísticas, porém, não posso deixar de observar, mais de 42 mil mortes no trânsito em apenas um ano é um número alarmante! As pessoas não estão morrendo no trânsito, Excelentíssima Senhora Presidenta, elas estão sendo assassinadas. O que se tem, na maioria dos casos, são homicídios perpetrados por criminosos do volante e pela omissão do Estado – e é notório que a ação dos primeiros é encorajada pela inação do segundo.

É bastante oportuna a colocação de Vossa Excelência quando observa que, estando o Brasil em constante crescimento, não se “pode deixar de trabalhar conjuntamente valores éticos e morais, que preservam a vida”, para que não nos tornemos uma sociedade somente de bens materiais. A situação é trágica e as ações pontuais há muito não são suficientes. Eis porque, além de conveniente, é alentadora uma “campanha permanente de conscientização no trânsito”, sobremaneira quando o lançamento dela é capitaneado pela Dirigente Maior do País, mediante um expressivo chamamento à civilidade e à solidariedade cidadãs no trânsito.

No entanto, não me custa opinar que o êxito (ou o fracasso) da recém-lançada investida contra a violência no trânsito dependerá muito do exemplo a ser dado pelo Estado, o qual deve servir de paradigma, cumprindo com as obrigações que lhe cabem e deixando claro para a população que a fala da Presidenta da República, no lançamento da ação preventiva permanente, não foi apenas mais um discurso.

Aqui no Nordeste é comum se dizer que por falta de um grito perde-se uma boiada. Entendo que a ocasião é, também, propícia para que os gestores dos órgãos e das entidades do Sistema Nacional de Trânsito sejam advertidos. Os do CONTRAN e os do DENATRAN, em especial, talvez careçam ouvir, dito em voz alta pela Presidenta do País, que eficiência na gestão do trânsito é o mínimo que deles se espera.

Vossa Excelência conta com o meu voto de confiança e o desafio tem, desde já, a minha modesta adesão. Quanto aos eventuais resultados da campanha, calha valer-me dos versos de Ivan Lins, onde lembra que “depende de nós, se esse mundo ainda tem jeito, apesar do que o homem tem feito, se a vida sobreviverá”.

Cônscio de que nenhum ator social pode se esquivar de assumir responsabilidades pela segurança no trânsito, aposto nessa relação de solidariedade com a vida.

Respeitosamente,

Luís Carlos Paulino – apenas mais um brasileiro sujeito de direitos e deveres no trânsito".

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

TRÂNSITO SERÁ CONTEÚDO DE AULAS NA REDE ESTADUAL DE ENSINO DO PARANÁ


A Semana Nacional de Trânsito 2012 terminou nesta terça-feira (25) e, no Paraná, a data foi marcada por uma importante parceria, firmada entre o Departamento de Trânsito do Paraná (Detran) e a Secretaria de Estado da Educação. A partir do ano que vem, alunos da rede pública de ensino terão aulas com conteúdo voltado ao dia a dia no trânsito, com material didático especial e abordagem lúdica.

O objetivo é implementar a educação para o trânsito em todas as fases e diretrizes curriculares, começando das sextas até as nonas séries. "O Detran vai investir no material e capacitar os professores da rede estadual para tratar o assunto da melhor forma. Entendemos que é preciso estimular desde cedo a consciência das crianças e ensiná-las como se comportar e interagir no trânsito", explica o diretor-geral da autarquia, Marcos Traad. "O Detran está nos ajudando nesta luta que, sem dúvida, vale a pena e envolve todos nós. Essa integração é um importante avanço na busca por um trânsito mais seguro e pode ajudar a salvar vidas", ressaltou o diretor-geral da Secretaria, Jorge Eduardo Wekerlin.

Ações

O tema também passará a ser abordado nas ações educativas realizadas no Centro de Atividades Pedagógicas Vila da Cidadania, que fica em Piraquara, e recebe escolas de todo Paraná. " A ideia é ter um mini-Detran para que os alunos conheçam qual é a função deste órgão de trânsito, além de aprender sobre as etapas do processo de habilitação, pelo qual passarão no futuro", explica o coordenador pedagógico da Vila, Elival Couto Souza. Construído como uma mini-cidade, o local já permite atividades de respeito às leis de trânsito, como a importância da faixa de pedestre e noções de sinalização. Durante toda a Semana Nacional de Trânsito, as brincadeiras envolveram equilíbrio, velocidade, atenção, cuidado, visão e percepção, de acordo com a faixa etária dos alunos.

Somente nesta terça-feira (25), a Vila recebeu cerca de 340 alunos, vindos de dez escolas da Região Metropolitana de Curitiba. Durante as ações, os alunos aprenderam a atravessar na faixa de pedestres, o que fazer em caso de acidentes, como se comportar no trânsito, tanto nas ruas quanto dentro dos veículos, além de incentivo ao uso da cadeirinha e do cinto de segurança. Os alunos assistiram vídeos e receberam cartilhas e joguinhos educativos sobre o assunto. "Nosso objetivo é trabalhar valores, ética e cidadania para fazer com que essas crianças tenham um comportamento diferenciado no trânsito. Temos que educar para que mais tarde a punição não se faça necessária", defende o coordenador de Educação para o Trânsito do Detran, Juan Ramon Sotto Franco.

Semana Nacional

Com o tema "Não Exceda a Velocidade, Preserve a Vida" a campanha promovida pelo Departamento Nacional de Trânsito neste ano teve como objetivo sensibilizar os jovens sobre os perigos do excesso de velocidade. A escolha se deve ao fato de que motoristas na faixa etária, entre 18 e 25 anos, são considerados os mais vulneráveis em se envolver em acidentes de trânsito. Durante toda a semana o Detran realizou atividades em universidades do Estado, com blitzes educativas, palestras, atendimento móvel, estande informativo, oficina com manutenção e orientações para motociclistas e apresentações de peças teatrais. O Departamento também manteve as ações da campanha "Se Liga no Trânsito", nos bares e baladas das cidades paranaenses com maior número de acidentes.

Com informações do Portal do Trânsito.

domingo, 16 de setembro de 2012

GRUPO FAZ CARREATA PARA CONSCIENTIZAR(?) MOTORISTAS NO TRÂNSITO DE CAMPINAS


Um grupo formado por 25 veículos percorreu as principais avenidas de Campinas (SP), na tarde deste domingo (16). A ação seguiu com faixas de conscientização direcionadas aos motoristas de carros, caminhões e ônibus para respeitar os motociclistas.

Segundo a Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec), a carreata saiu da Avenida Imperatriz Tereza Cristina, próximo ao centro de treinamento do Guarani, por volta das 15h30. Depois passou pelas avenidas Dr. Moraes Sales, Orozimbo Maia e Princesa d´Oeste. A ação não provocou congestionamento no trânsito. O trajeto levou cerca de uma hora com o monitoramento dos agentes de trânsito.

A Emdec não soube informar qual instituição organizou a manifestação. A empresa organizou pela manhã um passeio ciclístico para abrir a programação da Semana Municipal do Trânsito na cidade. Participaram do percurso de 8 km , cerca de 1,1 mil pessoas, que teve saída e chegada na Praça Arautos da Paz, ao lado da Lagoa do Taquaral.

Fonte: G1

Comentário: a julgar pela foto, não é pela força do exemplo que pretendem "conscientizar" quem quer que seja...

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

R$ 12,8 MILHÕES SÃO LIBERADOS PARA PROJETO VIDA NO TRÂNSITO

Os recursos para o projeto devem ser investidos na implantação de observatórios de trânsito que se destinam à integração de dados e informações sobre feridos e mortes
Estrada: pelos dados do Ministério da Saúde, mais de 300 mil brasileiros morreram no trânsito, de 2000 a 2008

Brasília – O Ministério da Saúde vai liberar R$ 12,8 milhões para o Projeto Vida no Trânsito para capitais e municípios de todo o país com mais de 500 mil habitantes. A média repassada para cada cidade será de R$ 200 mil – os valores serão reduzidos ou ampliados conforme o número total de habitantes do município. Os recursos são oriundos do Fundo Nacional de Saúde e serão investidos em educação, saúde e prevenção de acidentes de trânsito. A autorização de liberação de recursos foi publicada ontem (11) no Diário Oficial da União.

Os recursos para o Projeto Vida no Trânsito, criado em 2010, devem ser investidos na implantação de observatórios de trânsito que se destinam à integração de dados e informações sobre feridos e mortes.

Os recursos serão utilizados também na capacitação e formação de pessoal, como profissionais de saúde, de trânsito e também de educação. Os responsáveis pelo Distrito Federal, pelas capitais e pelos municípios atendidos pelo programa terão de elaborar planos de ações, que serão examinados pela Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS), ligada ao Ministério da Saúde.

Pelos dados do Ministério da Saúde, mais de 300 mil brasileiros morreram no trânsito, de 2000 a 2008.

Estudos da Organização Mundial da Saúde (OMS), de 2009, indicam que 1,3 milhão de pessoas morre anualmente no trânsito e que, até 2030, esse número poderá chegar a 2,4 milhões, caso medidas não sejam tomadas. Mais de 90% dos acidentes com mortes ocorrem em países de baixa e média renda, que concentram menos da metade da frota mundial de veículos motorizados.

Os usuários mais vulneráveis são os pedestres, motociclistas e ciclistas. Os dados mostram, também, que 44% dos países no mundo não têm políticas que estimulem o uso de transporte público como alternativa aos automóveis.

(Créditos para Renata Giraldi, da Agência Brasil)

AGORA É ARREGAÇAR AS MANGAS, SENHORES GESTORES!!

ESTUDANTE CRIA PROJETO PARA SALVAR VÍTIMAS DE TRÂNSITO

Interligado a um GPS, para-choque inteligente avisa seguradora no momento do acidente

Rio - Todo ano, milhares de pessoas vítimas de acidente de trânsito morrem devido à demora no socorro. Pensando nisso, o jovem Lucas Orosque, de 17 anos, criou um projeto que consiste primordialmente em salvar vidas e facilitar o trabalho da equipe de resgate. Trata-se de um para-choque inteligente que atende todo o carro.

Lucas é aluno da Escola Técnica Rezende-Rammel (ETRR), no Lins de Vasconcelos, no Rio de Janeiro. O trabalho faz parte das atividades pedagógicas do colégio. Segundo o estudante, que tem fascinação pela eletrônica, a ideia surgiu no ano passado num encontro com amigos. Ele buscou então orientação dos professores do núcleo de pesquisa da escola. “A partir daí, iniciei discussões e pesquisas sobre acidentes automobilísticos. Foi quando percebi a relevância que teria esse trabalho e comecei, logo em seguida, a confeccionar o projeto”, conta.

Os sistemas integrados ao para-choque entram em funcionamento a partir do momento em que há uma colisão a partir de 40Km/h (em movimento) ou 20Km/h em inércia (parado). Já há no mercado modelos que cortam o combustível e a ignição. No entanto, o protótipo do aluno, além de cortar o combustível e fazê-lo retornar dos dutos para o tanque, envia uma sinalização à central de resgate e à seguradora mais próxima do local do acidente. O sistema ainda informa, via GPS, onde o acidente aconteceu e quantas pessoas há dentro do veículo e se estavam com cinto de segurança.

- O objetivo principal é salvar vidas. A ideia é facilitar o trabalho das equipes de resgate mostrando todas as informações necessárias para garantir máxima eficiência no serviço. E ainda manter seguros os acidentados e as pessoas ao redor evitando uma possível explosão do veículo, que pode ser causada por um curto-circuito ou vazamento de combustível – explica.

O projeto já foi exposto em feiras tecnológicas, como, por exemplo, a Febrace (Feira Brasileira de Ciências e Engenharia), que aconteceu em março em São Paulo. O aluno, que estuda eletrônica há três anos, sonha em ser engenheiro de produção: “Sempre tive afinidade com produtos eletrônicos, desmontando-os para tentar entender seu funcionamento. E, por meio dessa curiosidade, consegui criar algo útil para salvar a vida de muitas pessoas”, diz orgulhoso.

Fonte: O Dia online
http://odia.ig.com.br/

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

JUSTIÇA DECIDE PUNIR COM MAIS RIGOR QUEM MATA AO VOLANTE

O programa jornalístico Fantástico, da Rede Globo de televisão exibiu, no último domingo (09/09/2012), excelente reportagem onde aborda a questão dos crimes de trânsito, cujo teor se transcreve abaixo:

Nesta semana, a Justiça decidiu levar a júri popular o motorista de um carro de luxo que, em setembro do ano passado, provocou uma série de acidentes em São Paulo e matou uma pessoa. Segundo a perícia, Felipe Arenzon saía de uma casa noturna embriagado e estava a mais de 120 quilômetros por hora num lugar onde a velocidade máxima é de 60 quilômetros por hora. A decisão de punir com mais rigor quem mata ao volante é uma nova tendência entre os juízes brasileiros, como mostra a reportagem especial de Sônia Bridi e Paulo Zero.

“A Izabella foi feliz durante os 11 anos de vida dela. Se existiu alguém feliz foi ela”, lembra Argélia Gauto, mãe de Izabella.

“A gente saía, e tinha aquelas máquinas de tirar fotografia. A última foi essa que eu peguei o cabelo dela e fiz como se fosse o bigode”, mostra Chico Caruso, pai de Izabella.

As imagens feitas por Argélia deveriam ser de uma breve despedida. Izabella, a filha dela com o cartunista Chico Caruso, ia passar o ano novo na praia com a família da amiguinha. Mônica, a motorista, com a babá no banco da frente. Izabella atrás, entre os filhos de Mônica. Eles nunca chegaram ao destino.

“Eu falei: 'Não é possível, a morte não combina com ela, a morte não combina com ela'. Mas era verdade”, diz Chico.

O acidente foi bem perto da Praia de Búzios, no litoral do Rio. O policial militar André Luiz Fernandez vinha dirigindo na direção contrária à de Mônica. Foi jogado para fora da estrada por uma camionete que forçou uma ultrapassagem.

“O ônibus jogou pra lá também, porque não tinha muita pista pra jogar, por causa do poste. E eu vim parar no mato. Fui atrás dele para poder fazer o que eu tinha que fazer, entendeu? Dar voz de prisão”, conta Fernandez.

Mas era impossível seguir a camionete a mais de 140 quilômetros por hora na estrada cheia de curvas. Ele só ouviu a batida.

“Como se tivesse botado uma bomba. Foi um barulho seco, seco”, lembra o policial.

Na camionete o motorista levava a filha pequena no banco da frente, sem cinto de segurança. Ele perdeu o controle na curva e bateu em cheio na Scenic dirigida por Mônica. Ela e Izabella morreram na hora. O motorista da camionete se feriu levemente. A filha dele teve traumatismo craniano, mas sobreviveu.

“Não me lembro de nada, graças a Deus”. Três meses em coma, e seis anos de vai e vem a hospitais. A babá Rita de Cássia Antônio ficou cega de um olho. Tem um implante no quadril. E ainda precisa de uma cirurgia para corrigir a fratura no pulso.

“Eu fazia faxina a semana toda. Cada dia numa casa, de subir, descer escada, limpar parede, lavar cozinha, hoje em dia não tenho mais condições de fazer isso”, lamenta a babá.

Rita passa roupa para fora para complementar a aposentadoria de um salário mínimo por invalidez.

“Quando minha prima Argélia perguntou: 'O que vai acontecer com ele?'. Eu disse: 'Vai pagar uma cesta básica ou um trabalho comunitário, só isso'”, conta a advogada Jussara Gauto.

“No momento que eu entendi tudo, fui buscar a Justiça. Porque eu não aceitava. Ninguém ia me dar cesta básica”, relata Argélia.

A prima advogada foi buscar a pena de prisão para o motorista. “Eu havia dito para a Argélia: 'É uma tese que ainda não foi usada'. Em 2006, isso aí era como um tiro na Lua”, conta a prima.

Historicamente no Brasil, a morte no trânsito é tratada como homicídio culposo. É quando o acidente é provocado por descuido, imperícia, imprudência, ou o motorista não previu o risco, mesmo dirigindo embriagado ou em alta velocidade. A pena máxima é de quatro anos e pode ser convertida em serviços comunitários. Na maioria dos casos, o condenado escapa da cadeia doando cestas básicas.

Já no dolo eventual, ou homicídio doloso, a Justiça entende que o motorista assumiu o risco de matar ao andar em alta velocidade, embriagado ou participando de um racha, por exemplo. Nesse caso, o acusado vai para o banco dos réus e é o júri popular que determina se ele é culpado. A pena vai de seis a 20 anos de prisão. E foi essa a interpretação da Justiça no caso da morte de Izabella.

No mês passado, Juamir Dias Nogueira Junior foi condenado a oito anos de cadeia pelas mortes de Izabella e Mônica. Procurado pelo Fantástico, se recusou a comentar a sentença.

“No fundo, há uma luta entre o bem e o mal, e o que resultou disso? A aprovação do crime doloso para crime de trânsito”, conta Chico Caruso.

A luta é também no campo das ideias. Uma corrente jurídica considera que dolo não se aplica a crimes de trânsito.

“Em geral, os crimes de trânsito são culposos. No dolo, o agente afirma pra si mesmo: 'Aconteça o que acontecer, vou continuar dirigindo em excesso de velocidade'. E na culpa: 'Eu dirijo em excesso de velocidade porque sou um exímio motorista e posso evitar o acidente', explica o jurista Juarez Tavares.

“Se ele participa de um racha, de um pega, se ele dirige o veículo embriagado a meu ver, em tese, ele está assumindo. Ele pode não querer matar ninguém. Até presume-se que não queira, mas ele está assumindo um risco”, avalia o desembargador José Muiños Piñero.

Essa é a interpretação que está ganhando força.

A Justiça gaúcha quer botar no banco dos réus, por 17 tentativas de homicídio doloso, o motorista que em uma esquina de Porto Alegre se envolveu em uma disputa com ciclistas que faziam uma manifestação. E produziu cenas de violência que chocaram o país e correram o mundo.

A Justiça entendeu que ao acelerar pra cima dos ciclistas, o economista Ricardo José Neis assumiu o risco de matar ou machucar. Ele se defende dizendo que estava cercado e ameaçado pelos ciclistas e que, diante disso, teve que fugir.

Fantástico: O senhor se arrepende de ter acelerado?
Ricardo José Neis: É a mesma coisa que você perguntar se eu me arrependo de estar vivo, de ter preservado a vida do meu filho. Se eu quisesse eu teria machucado eles realmente, se fosse a minha intenção.

“Eu acho que nós tivemos muita sorte nisso e ele também. Porque eu não queria estar na consciência desse cara hoje”, diz o técnico de palco Marcos Rodrigues.

A maioria dos réus que a Justiça manda para o júri popular recorre para ser julgado por culpa, não por dolo. Os processos se arrastam durante anos.

A nova tendência da Justiça, de mandar para a cadeia quem mata no trânsito, é uma reação a números assustadores. Só em 2010, quase 43 mil pessoas foram mortas nas ruas e estradas do Brasil. Se continuar nesse ritmo, até 2015, vai ter mais gente morta por carros, ônibus, motos, e caminhões no país, do que a tiros, facadas, pancadas, ou seja, todas as outras formas de homicídio.

“O Brasil tem uma guerra nacional decorrente de acidentes de trânsito. Isso tem que ser de certa forma tolhido, diminuído ou erradicado”, observa o ministro do Superior Tribunal de Justiça Gilson Dipp.

O ministro Gilson Dipp foi o presidente da comissão de juristas que elaborou a proposta do novo Código Penal, que está sendo analisada no Senado.

Para facilitar a punição no trânsito, foi criado um novo tipo de culpa, a gravíssima ou temerária.
É para quando não for comprovado que o agente quis matar, nem assumiu o risco, mas agiu com temeridade. A pena passa para quatro a oito anos de prisão.

A proposta de lei enquadra como culpa gravíssima dirigir embriagado ou participar de racha. O racha seria punido com dois a quatro anos de prisão. E embriaguez, de um a três anos.

Assim, quem mata no trânsito poderia pegar penas maiores, e ir para a cadeia, sem passar pelo júri popular - o que ainda encontra resistência entre muitos juízes.

No Rio, o juiz mudou o processo contra Rafael Bussamra, que atropelou e matou Rafael Mascarenhas, o filho da atriz Cissa Guimarães. Em vez de júri popular, ele vai responder por homicídio culposo.

Segundo testemunhas, Bussamra e o amigo Gabriel de Souza Ribeiro entraram num túnel fechado para obras para fazer um racha. Rafael andava de skate com amigos na boca do túnel e foi arremessado a 60 metros de distância.

O juiz alegou que o atropelador não agiu com indiferença, porque ligou para a polícia e a ambulância.

“ Os pais, o pai e o irmão foram lá para corromper essa polícia que eles chamaram para ajudar?”, afirma Cissa Guimarães, mãe de Rafael.

Pouco depois do acidente, Rafael Bussamra, o irmão e o pai foram flagrados por câmeras de segurança corrompendo policiais militares para esconder as provas do crime.

Os policiais já foram condenados a cinco anos de prisão, em regime semi-aberto, por corrupção passiva. Mais do que a pena máxima a que Bussamra está sujeito por homicídio culposo.

Rafael Bussamra, o pai, o irmão, e o advogado deles não quiseram falar ao Fantástico.

Cissa recorreu: “Eu vou até o final, pela memória do meu filho. Mas acima de tudo para acabar com essa impunidade que me dá enjoo. Que me dói”.

Há 12 anos, o advogado Luiz Felizardo Barroso tenta mandar para a cadeia os homens que ele considera responsáveis pela morte do filho.

“Toda justiça que tarda é a negação da própria justiça. E a nossa, no Brasil, infelizmente, tarda muito”, diz Barroso.

No escritório, o neto, que tinha oito anos quando ficou órfão, ocupa a mesa do pai, Ricardo de Camargo Barroso.

Amanhecia na véspera de Natal no ano 2000. Ricardo ia surfar. À sua frente, em outro carro, um amigo surfista, que nunca esqueceu daquela manhã.

Tinha um carro tombado no meio da pista. Ele e Ricardo deixaram os carros no acostamento, com o pisca alerta ligado. Ricardo tentava tirar o motorista preso nas ferragens.

“Nisso, o Peugeot começou a pegar fogo. Quando eu estou abaixado pegando o extintor de incêndio, eu escuto um barulho de freada forte e uma batida. Tinha um carro que tinha batido, com a frente toda levantada. E 'cadê o Ricardo? Cadê o Ricardo?', aquela confusão, poeirada danada”.

Ricardo, outro voluntário que ajudava no socorro do primeiro acidente e a vítima, que até então estava apenas ferida, morreram na hora.

Na denúncia à Justiça, o Ministério Público diz que o carro que matou Ricardo e mais duas pessoas corria a mais de 110 km/h, dentro da cidade, e participava de um pega.

Os dois acusados - André Garcia Neumayer, que dirigia o carro que bateu, e Juliano Bataglia Ferreira, que participava do pega - foram mandados a júri popular, mas recorreram até o Superior Tribunal de Justiça, que confirmou a decisão.

Raphael Mattos, advogado dos acusados, ainda vai pedir embargo no Supremo Tribunal Federal: “Não houve pega, em primeiro lugar. E segundo, nós vamos ter que considerar que esses garotos são suicidas, eles assumiram o risco de ceifar suas próprias vidas a partir do momento que eles batem no outro carro”, defende o advogado.

Se conseguirem impedir o júri popular, os dois acusados não serão julgados por nada. Depois de 12 anos nos corredores da Justiça, a acusação por homicídio culposo já está prescrita.

Araçatuba, interior de São Paulo. Dois casos, duas decisões distintas. O carro em alta velocidade, fazendo pega, avança o sinal, provoca o acidente e deixa com sequelas um universitário brilhante.

O motorista, filho de um fazendeiro, é indiciado por homicídio doloso, foge, e é capturado numa fazenda no Mato Grosso.

Mas a sensação de que a Justiça de Araçatuba seria mais rigorosa com os crimes do trânsito durou pouco. Menos de três meses depois, o promotor encarregado da acusação se envolveu em um acidente numa rodovia que dá acesso à cidade. Provocou a morte de três pessoas. Mas ele não vai a júri popular. Alessandro, Alessandra e o filho dela, Adriel, de sete anos, morreram na hora. Na camionete do promotor foram encontradas bebidas. Na delegacia, um médico atestou a embriaguez, mas ele se negou a colher material para exame.

“Se fosse eu, estaria preso. Como ele é promotor e tem dinheiro,está lá”, lamenta Alberto dos Santos, pai de Alessandro.

O Ministério Público transferiu o promotor Wagner Rossi para São Paulo e o denunciou por homicídio culposo. Cinco anos depois do acidente, o foro especial do Tribunal de Justiça de São Paulo condenou o promotor a quatro anos de prisão, convertidos em serviços comunitários, suspensão da carteira de motorista por quatro anos e indenização de R$ 15 mil às famílias das vítimas. O advogado dele, Eduardo Carnelós, vai recorrer: "Claro que foi uma pena dura. Foi duríssima, foi duríssima. A palavra acidente existe porque acidentes acontecem".

Ao distinguir entre um acidente inevitável, e o comportamento arriscado e violento que mata no trânsito - a Justiça brasileira não só vai punir, mas prevenir tragédias.

“A vida da minha filha não tem preço. A gente não quer isso. A gente quer um mundo melhor, onde as pessoas possam sair se divertir, passear, brincar, e voltar pra casa”, pede Argélia.

Para assistir o vídeo da reportagem, clique aqui.

Fonte: http://www.globo.com/

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

MULHERES ATRÁS DO GUIDÃO

Cada dia mais vemos mulheres pilotando motos, o que acho super bacana.

Em um universo onde antes só eram vistos os homens, podemos ver as mulheres pilotando e dando show, não só no dia a dia, mas em competições também.

Segundo dados dos Detran (Departamentos de Trânsito dos estados), o número de mulheres condutoras de motocicletas vêm aumentando a cada dia.
Uma pesquisa realizada revelou que em quase todos os estados (com exceção do Mato Grosso do Sul) houve aumento no número de mulheres motociclistas.

Hoje, elas já dominam um terço do universo motociclista do Brasil.
Esse aumento começou a ser mais significativo a partir de 2004, onde o número de mulheres motociclista simplesmente dobrou.

E como mulher além da delicadeza, possui o charme, a cada dia mais, são fabricados roupas e equipamentos que estejam a altura deste universo.

Os capacetes e roupas vem com um toque especial, seja na modelação ou nos detalhes que evidenciam o produto feito para as mulheres, com formas suave e de maneira que se ajustem melhor ao corpo.
As criações estão voltada para todos os equipamentos, como luvas, botas, jaquetas, capacetes.

Com o uso de náilon, poliéster e o elastano que deixa as roupas mais ajustadas ao corpo, tudo tem muito bom gosto e por isso não menos segurança, pois sabemos que é esta a função destes equipamentos.

Mas os seus detalhes deste novo nicho esbanjam bom gosto, digno de passarelas.

Como se não bastasse velas sobre duas rodas nas ruas, agora também estão em competições das duas rodas, onde elas tem dado show.

A exemplo :

Motocross – Mariana Balbi;

Motovelocidade – Cristiane Trentim;

Dakar Argentina / Chile – Laia Sanz, que obteve a vitória;

Campeonato Paulista de Supermoto na categoria SM2 – Sabrina Paiuta.
Há quem afirme que: "quem sente o vento direto no rosto e a emoção do guidão, não mais vai querer estar na garupa".

Todos os créditos para Bike Riders: http://www.bikeriders.com.br/