"O que é que se encontra no início? O jardim ou o jardineiro? É o jardineiro. Havendo um jardineiro, mais cedo ou mais tarde um jardim aparecerá. Mas, havendo um jardim sem jardineiro, mais cedo ou mais tarde ele desaparecerá. O que é um jardineiro? Uma pessoa cujo pensamento está cheio de jardins. O que faz um jardim são os pensamentos do jardineiro. O que faz um povo são os pensamentos daqueles que o compõem." (Rubem Alves)

quarta-feira, 7 de março de 2012

MULHER AO VOLANTE É MUITO IMPORTANTE


Na semana em que se homenageia a mulher, que, convenha-se, merece ser reverenciada o ano inteiro, é importante que se venha a público para analisar a participação dessa personagem no, cada vez mais, desorganizado e violento teatro desenvolvido diuturnamente nas vias públicas país afora, ao qual denominamos trânsito.

Frases – normalmente calcadas no machismo e no preconceito -, como, por exemplo: “mulher no volante, perigo constante” ou “mulher e fusca só atrapalham o trânsito” (esta última, duplamente preconceituosa!), não esclarecem quanto à realidade do nosso trânsito.

Exemplificativo dessa visão masculina preconcebida, é a imagem abaixo, compartilhada por muitos nas chamadas "redes sociais", com destaque para o Facebook:


Ora meus caros concidadãos, de acordo com o Registro Nacional de Carteiras de Habilitação (Renach), até dezembro de 2008, o Brasil tinha registrado 45.137.916 de condutores, sendo que 33% desse total são do sexo feminino. Em 2004 eram 10.374.385 de mulheres habilitadas, já em dezembro de 2008 o total chegou a 14.999.114, um crescimento de 44% em quatro anos. Como se observa, o número de mulheres habilitadas para conduzir veículos no Brasil tem aumentado sucessivamente. Que ótimo! Elas são muito mais prudentes no trânsito.

Prova disso é que pesquisa divulgada pelo Denatran, em 2009, revelou que dos condutores envolvidos em acidentes de trânsito com vítimas, ocorridos de 2004 a 2007, apenas 11% eram mulheres.

De acordo com o referido levantamento, 1.702.738 de condutores estiveram envolvidos em 1.574.829 acidentes de trânsito com vítimas registrados nesse período.

Considerando a média de condutores envolvidos, identificou-se que 71% eram homens, 11% mulheres e 18% não informados. Diante disso, forçoso que se adapte à realidade outra frase bastante comum entre os preconceituosos no trânsito: “só podia ser mulher…”, complementando-a da seguinte forma: para dirigir com tanto cuidado!

Razão assiste à jornalista Mariana Czerwonka, quando pondera que “não é uma questão de ser melhor ou pior, a questão é que o cuidado, a atenção e até maior sensibilidade ao medo são características do sexo feminino desde o nascimento”. Prosseguindo, argumenta: “somos criadas cuidando de nossas bonecas, depois de nossos irmãos… Em seguida dos maridos, filhos e muitas vezes até dos pais. Mulheres geralmente não topam entrar num racha. Mulheres têm medo de brigar e xingar no trânsito. Mulheres não abusam da velocidade. Mulheres, que estão com os filhos no carro, pisam no freio ao avistar um sinal amarelo…”.

Bem sugestiva a proposição da escritora Irene Rios: “mulher no volante é muito importante!”. Fecha-se com a ideia e com a autora.

Luís Carlos Paulino


Texto de autoria deste blogueiro, publicado originalmente no site IGUATU.NET, em março de 2010.

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