"O que é que se encontra no início? O jardim ou o jardineiro? É o jardineiro. Havendo um jardineiro, mais cedo ou mais tarde um jardim aparecerá. Mas, havendo um jardim sem jardineiro, mais cedo ou mais tarde ele desaparecerá. O que é um jardineiro? Uma pessoa cujo pensamento está cheio de jardins. O que faz um jardim são os pensamentos do jardineiro. O que faz um povo são os pensamentos daqueles que o compõem." (Rubem Alves)

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

CRESCE A OFERTA DE CARRO COMPARTILHADO ONDE O USUÁRIO PAGA APENAS TEMPO DE USO


Milhões de associados se utilizam de novo serviço de transporte nos Estados Unidos

A crise e a maior consciência ambiental abastecem nos EUA um novo negócio: o compartilhamento de carros, com serviços que funcionam como um clube no qual o associado paga apenas pelas horas em que efetivamente usou o veículo. Em dois anos, o mercado dobrou para, estima-se, 600 mil usuários. Diferentemente do aluguel tradicional, em que há tarifa diária, no compartilhamento o usuário paga para usar um dos carros do serviço uma anualidade ou mensalidade - neste último caso, há cota de horas embutida. Seguro e gasolina estão inclusos.

O público-chave para empresas como a Zipcar, que domina o setor e conta com mais de 500 mil associados e 8.000 veículos, é de universitários, jovens famílias e casais em grandes cidades, onde o transporte público é farto e a garagem é rara (e cara).Mas cada vez mais empresas e instituições adotam o serviço para substituir o "carro da firma". A prefeitura de Nova Iorque se somou em outubro aos 10 mil contratos do tipo da Zipcar e anunciou um acordo-piloto para poupar US$ 500 mil (R$ 843 mil) em quatro anos. Um estudo da consultoria britânica Frost & Sullivan citado pela revista Economist prevê que o mercado de compartilhamento movimentará US$ 6 bilhões (R$ 10,1 bilhões) e terá 10 milhões de usuários até 2016. Metade desse volume virá dos Estados Unidos.

De olho nesses números, a Hertz, líder no aluguel tradicional com a Avis, lançou em 2009 o Connect by Hertz, que segue o molde da Zipcar. Fabricantes também estão atentos: a alemã Daimler, que produz o Smart, lançou no fim de 2009 um serviço que oferece exclusivamente o carrinho, o "car2go". Por ora, além da Alemanha, opera apenas em Austin, Texas. Mas há planos de expansão. A empresa de Cambridge, na grande Boston (Massachusetts), tinha 42 carros quando surgiu, em 2000, inspirada em programas da Europa. Hoje, está em mais de 90 cidades dos EUA, em Londres, em Montreal e em Toronto.

O imediatismo e a hipermobilidade são uma das bases do serviço. Para alugar um carro, é possível reservá-lo on-line minutos antes do horário desejado - há aplicativos para BlackBerry e iPhone que permitem não só a reserva mas sua alteração. Os veículos ficam espalhados em estacionamentos de universidades, shoppings, empresas e até postos de gasolina, em vagas cativas.O usuário recebe um cartão ao se associar e o utiliza para destrancar os carros.
Custo para clientes começa em R$ 10,60 por hora

O preço do compartilhamento de carros varia segundo a cidade, mas começa em US$ 6,30 (R$ 10,60) a hora na Zipcar e US$ 7,65 (R$ 12,90) na Connect by Hertz. A inscrição é de US$ 25 (R$ 42,10) em ambas, e a anualidade mais barata custa US$ 60 (R$ 101,10) na primeira e US$ 50 (R$ 84,30) na segunda.A diária na locadora tradicional da Hertz, em cidades médias nos EUA, não sai por menos de US$ 70 (R$ 118,00) com seguro. A gasolina não é incluída, ao contrário do que ocorre no compartilhamento. Mas é com a indústria automotiva e não com as locadoras tradicionais, que a Zipcar quer concorrer. Um estudo feito em 2008 pela Universidade da Califórnia, em Berkeley, indica que cada veículo compartilhado tira 15 carros da rua. Naquele ano, quando os usuários nos EUA somavam 300 mil, foram economizados 3,4 milhões de litros de gasolina e emitidas 11 mil toneladas de gás carbônico a menos.

O mesmo levantamento de Berkeley mostrou que os motoristas que optaram pelo compartilhamento gastaram 8% do que desembolsaram os proprietários de veículos com manutenção, garagem, seguro e gasolina. Em sua missão, a Zipcar cita "um futuro no qual o compartilhamento de carro supera, em número de adeptos, os proprietários de veículos nas grandes cidades". Os custos da operação, no entanto, são altos, e a Zipcar tem registrado prejuízo - embora o atribua, nos últimos dois anos, a custos operacionais de expansão, com a recente aquisição de companhias menores nos EUA e na Inglaterra. Neste ano, a empresa planeja fazer uma oferta pública inicial de ações.

Nenhum comentário:

Postar um comentário